Através do espelho ela enxerga o reflexo do rosto bronzeado.
Vê as imperfeições e conta cada uma delas como se fossem pontos ganhos numa longa partida de tênis.
Os olhos carregam cansaço e esperança, um mais nítido que o outro.
Com a ponta dos dedos ela toca as maçãs do rosto e sorri ao pensar no nome da fruta.
Os lábios se contraem formando vincos, as sobrancelhas se unem mostrando insatisfação. Os fios de cabelo na cabeça, completamente sem rumo, denunciam o estado atual dela: Perdida.
Ela não gosta do que vê.
Relaxa os lábios e a testa, desfaz os vincos e as linhas, toca suavemente a boca, ainda se olhando no espelho, recorda da última vez que beijou alguém.
Em algum canto daquela imagem ela ainda existe, e o que vê no reflexo é apenas uma figura passageira.